Irei chorar nossa morte
como o amante desiludido que nunca fui,
meu bem. Vestirei preto
e provarei o sal de minhas
lágrimas todas as noites.
Negarei o mundo, sentirei raiva e
uma dor tão real quanto aquela
que senti ao cair
da jabuticabeira retorcida
no quintal de minha vó,
treze anos atrás.
Culparei, então,
o universo, o acaso,
a Deus e ao Diabo,
por todo meu pranto. E quando,
após o meu corpo tiver experimentado
o limbo do mundo,
o sol aquecer minha pele,
aceitarei.
Nos cremarei e preencherei o buraco
que fizestes em mim
com as cinzas, ainda em brasas,
que sobrarem de nós.
E serei livre, meu bem.
Livre.